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Minha bolsa rompeu com 9 meses. E agora?

Você está com 9 meses, tudo ia bem, e de repente… ploc! Um líquido escorre pelas pernas e você se pergunta: “A bolsa rompeu! E agora, o que eu faço?”

Essa situação é muito comum e, ao mesmo tempo, cercada de dúvidas. No Brasil, não raro o rompimento da bolsa leva automaticamente a uma cesariana. Mas será que essa é mesmo a única ou a melhor opção? O Instituto Nascer defende um cuidado baseado em evidências, escolhas informadas e protagonismo da mulher. Neste artigo, vamos te ajudar a entender o que é a bolsa rota, quais os riscos e quais os caminhos possíveis após o rompimento espontâneo das membranas no termo.

O que é a bolsa rota?

A bolsa amniótica é a membrana que envolve o bebê e o líquido amniótico dentro do útero. Quando ela se rompe espontaneamente, ocorre o que chamamos de rotura espontânea das membranas, ou popularmente, “a bolsa estourou”.

Se isso ocorre a partir de 37 semanas completas, chamamos de Bolsa Rota a Termo. É diferente da rotura prematura de membranas (RPMO), que ocorre antes de 37 semanas, e exige condutas específicas.

Cerca de 8% a 10% das gestantes a termo (≥37 semanas) apresentam rompimento espontâneo da bolsa amniótica antes do início do trabalho de parto. Importante lembrar que 80% das mulheres com bolsa rota a termo entram em trabalho de parto espontaneamente dentro de 24 horas, especialmente se houver ambiente seguro, suporte emocional e manejo fisiológico adequado.

Quais os riscos após a bolsa romper?

Após a ruptura, o maior risco é a infecção: tanto para o bebê (corioamnionite, sepse neonatal) quanto para a mãe (endometrite). Quanto maior o tempo entre a ruptura e o nascimento, maior o risco – embora esse risco só aumente significativamente após 12 a 24 horas, principalmente se houver múltiplos exames de toque e ausência de cuidados adequados.

Outros riscos incluem:

  • Prolapso de cordão (raro, mais comum se o bebê estiver alto ou não encaixado).
  • Intervenções desnecessárias se não for respeitado o tempo de espera.

Quais os caminhos possíveis?

As diretrizes científicas internacionais reconhecem três caminhos principais, todos aceitáveis quando a bolsa se rompe no termo, e a mulher e o bebê estão bem:

1. Conduta Expectante (esperar o trabalho de parto iniciar espontaneamente)

É o que ocorre em até 80-90% das mulheres em até 24 horas após a rotura espontânea.
Segundo a Cochrane e o NICE (Inglaterra), essa conduta é segura até 24 horas, desde que não haja febre, alterações no bem-estar fetal ou sinais de infecção. Deve-se monitorar temperatura, batimentos cardíacos fetais e evitar exames de toque vaginais repetitivos.

Vantagens:

  • Maior chance de parto normal sem intervenções.
  • Menor risco de cesariana do que a indução, especialmente se o colo for favorável.

Desvantagens:

  • Pequeno aumento no risco de infecção após 24h.
  • Pode gerar ansiedade em alguns casais.

2. Indução do trabalho de parto

A indução imediata com ocitocina (ou, em alguns casos, com misoprostol, dependendo da maturidade do colo) é uma opção segura e recomendada pelas diretrizes do NICE, RCOG e ACOG, especialmente se a mulher preferir não esperar.

A revisão Cochrane mais recente (Grant et al., 2021) mostra que a indução imediata reduz o risco de infecção materna (corioamnionite), sem aumentar as taxas de cesariana em comparação com a conduta expectante.

Vantagens:

  • Menor risco de infecção materna.
  • Menor tempo de latência entre bolsa rota e parto.

Desvantagens:

  • Pode aumentar o desconforto com contrações induzidas.
  • Pequeno risco de hiperestimulação uterina se forem usados prostaglandinas.

3. Cesariana a pedido

Embora não seja indicada de rotina, uma cesariana pode ser respeitada como escolha da mulher, especialmente se houver histórico traumático de parto, medos intensos ou desejo fundamentado. É importante, no entanto, explicar os riscos cirúrgicos, maior tempo de recuperação e impacto sobre futuras gestações.

O que dizem as evidências científicas mais atuais?

  • Cochrane (2021): Indução imediata com ocitocina em bolsa rota a termo reduz o risco de infecção sem aumentar a cesariana.
  • NICE (2021): Recomendação de aguardar até 24 horas, desde que mãe e bebê estejam bem, e oferecer indução após esse período.
  • ACOG (2020): A indução é apropriada, mas conduta expectante é aceitável com adequada monitorização.
  • RCOG (2022): Apoia escolha informada da mulher entre conduta expectante e indução.

No Instituto Nascer: Cuidado baseado em evidências e escolhas conscientes

No Instituto Nascer, não existe uma receita única. O que oferecemos é informação clara, atualizada e apoio contínuo. Seja com conduta expectante, indução do parto ou até uma cesariana por escolha, o mais importante é garantir que a mulher possa tomar uma decisão consciente, com apoio técnico e afetivo da nossa equipe.

Respeitar a fisiologia, o tempo do corpo e o desejo da mulher é parte do nosso compromisso com um nascimento mais seguro, mais humano e mais feliz.

Quando procurar ajuda imediatamente

Mesmo que você opte por esperar o trabalho de parto, procure assistência obstétrica imediatamente se:

  • O líquido tiver coloração esverdeada ou com mau cheiro.
  • Você tiver febre, calafrios ou dor abdominal.
  • O bebê estiver com movimentos diminuídos.
  • Surgirem sangramentos ou contrações muito intensas.

Conclusão

Se a sua bolsa rompeu com 9 meses, você tem direito de saber que existem opções. A melhor escolha é aquela feita com informação, apoio e respeito à sua individualidade. O Instituto Nascer está ao seu lado para que essa escolha seja sua — e seja segura.

Hemmerson Henrique Magioni, Médico Obstetra, Fundador e Diretor Técnico do Instituto Nascer – CRM-MG 34455

Referências científicas:

  • Grant A, Simmonds M, et al. Prelabour rupture of membranes at term: induction versus expectant management. Cochrane Database Syst Rev. 2021.
  • National Institute for Health and Care Excellence (NICE). Inducing Labour. Clinical guideline [CG70], Updated 2021.
  • American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG). Practice Bulletin No. 188: Prelabor Rupture of Membranes. Obstet Gynecol. 2018.
  • Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG). Care of Women Presenting with Suspected Preterm Prelabour Rupture of Membranes. Green-top Guideline No. 73. 2022.
  • Uptodate. Prelabor rupture of membranes at term: Management. Updated 2024.

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