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Placenta Baixa: Quais os Riscos e Qual o Melhor Cuidado?

Durante o pré-natal, é comum que algumas gestantes recebam o diagnóstico de “placenta baixa” em um dos primeiros ultrassons. Esse achado, que pode causar ansiedade, na maioria das vezes não persiste até o final da gestação. Mas, afinal, o que significa placenta baixa? Quais os riscos envolvidos? E como deve ser o cuidado?

O que é placenta baixa?

Placenta baixa, é o termo usado quando a placenta está implantada na parte inferior do útero, próxima ao colo uterino. Em casos mais graves, a placenta pode cobrir parcial ou totalmente o orifício interno do colo, sendo chamada de placenta prévia, o que pode dificultar ou impedir o parto vaginal.

Conforme o útero cresce ao longo da gestação, é comum que a placenta “suba” – um processo chamado migração placentária –, afastando-se do colo. Por isso, um diagnóstico de placenta baixa no primeiro ou segundo trimestre raramente se confirma no final da gestação.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito por ultrassonografia transvaginal, que oferece a melhor acurácia para medir a distância entre a borda placentária e o orifício cervical interno. De acordo com os critérios atuais:

  • Placenta prévia: quando cobre totalmente ou parcialmente o colo uterino.
  • Placenta de inserção baixa: a borda da placenta está a menos de 20 mm do orifício interno.

É importante ressaltar que, antes de 24-28 semanas, a localização placentária tem pouco valor prognóstico. Estudos mostram que mais de 80-90% das placentas consideradas baixas nesse período estarão em posição normal no terceiro trimestre.

Quais os riscos da placenta baixa?

Se a placenta permanecer baixa até o final da gestação, podem ocorrer complicações como:

  • Sangramento vaginal no terceiro trimestre, geralmente indolor, podendo ser intenso e repetido.
  • Parto prematuro, por necessidade de interrupção precoce devido a sangramentos.
  • Restrição de crescimento fetal, em casos raros.
  • Maior risco de hemorragia pós-parto.
  • Em situações raras e mais graves, pode haver acretismo placentário (invasão anormal da placenta no útero), especialmente em mulheres com cicatriz uterina prévia (cesariana, miomectomia).

Qual é a conduta até o final da gestação?

A conduta depende da distância da borda placentária em relação ao colo e da presença ou não de sangramentos:

  • Em casos assintomáticos e com placenta de inserção baixa, geralmente se acompanha com ultrassonografias seriadas entre 28 e 34 semanas.
  • Abstinência sexual e redução de atividade física vigorosa podem ser indicadas em casos com sangramentos.
  • Em casos com sangramento importante, pode ser necessária internação hospitalar e planejamento da via de parto antecipada.
  • Acompanhamento multiprofissional, com vigilância fetal e materna, é essencial para planejar o melhor momento de nascimento, equilibrando risco de prematuridade e risco materno.

Qual a via de parto mais segura?

A via de parto depende da localização final da placenta no momento do nascimento:

  • Placenta prévia (total ou parcial): cesariana é obrigatória, pois o parto vaginal é contraindicado devido ao alto risco de sangramento catastrófico.
  • Placenta de inserção baixa (<20 mm): cesariana é geralmente recomendada. Em placenta baixa, especialmente com distância >10 mm do orifício interno, o parto vaginal pode ser considerado, desde que em ambiente hospitalar adequado e após discussão detalhada dos riscos e benefícios com a gestante, com decisão compartilhada.
  • Quando a borda placentária está a mais de 20 mm do orifício cervical interno, a via de parto é determinada pelo desejo da mulher e as condições dela e do bebê, especialmente se não houver sangramentos prévios.

Diagnóstico precoce não é sentença!

É fundamental que mulheres que recebem esse diagnóstico no primeiro trimestre não se assustem: mais de 80-90% dos casos de placenta baixa diagnosticados antes de 20 semanas se resolvem espontaneamente com o crescimento uterino. Por isso, é incorreto afirmar que um ultrassom precoce com “placenta baixa” já define a via de parto. O diagnóstico definitivo deve ser feito preferencialmente no terceiro trimestre, com ultrassonografia transvaginal.

Hemmerson Henrique Magioni, Médico Obstetra, Fundador e Diretor Técnico do Instituto Nascer – CRM-MG 34455 e Gabriel Martins Campos, Médico Especialista em Ultrassonografia e Coordenador do Setor de Ultrasson e Medicina Fetal do Instituto Nascer – CRM-MG 68318.

Fontes:

  • American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) Practice Bulletin No. 238: Placenta Previa.
  • Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG). Placenta praevia and placenta accreta: diagnosis and management. Green-top Guideline No. 27.
  • UpToDate. “Placenta previa: Epidemiology, clinical features, diagnosis, morbidity, and mortality.”
  • Cochrane Database of Systematic Reviews.
  • National Institute for Health and Care Excellence (NICE). Antenatal care guideline.

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