Receber o diagnóstico de herpes labial durante a gravidez pode causar preocupação e muitas dúvidas:
“É perigoso para o bebê?”, “Preciso fazer cesariana?”, “Posso tratar com segurança?”
Este texto traz informações atualizadas e baseadas nas melhores evidências científicas para tranquilizar e orientar você.
O que é Herpes Labial?
O herpes labial é uma infecção causada pelo vírus herpes simples tipo 1 (HSV-1). É extremamente comum — estima-se que mais de 70% da população adulta tenha contato com esse vírus ao longo da vida. Após o primeiro contato, o vírus permanece dormente (latente) no organismo e pode se reativar em momentos de estresse, baixa imunidade, febre, exposição solar ou alterações hormonais — como ocorre na gestação.
As lesões aparecem tipicamente nos lábios ou ao redor da boca, como pequenas bolhas agrupadas que evoluem para úlceras e crostas. Elas costumam causar ardência, dor local e incômodo estético.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico do herpes labial na gestação é clínico, ou seja, feito pelo profissional de saúde com base nas características das lesões:
- Bolhas (vesículas) agrupadas, dolorosas, em base avermelhada.
- Localização em lábio ou pele perioral.
- Presença de sintomas pré-lesão, como formigamento ou ardência.
Exames laboratoriais como PCR ou sorologia são raramente necessários, sendo reservados apenas para casos duvidosos, infecções disseminadas ou pacientes imunossuprimidas.
Quais os riscos para o bebê?
A boa notícia é que o herpes labial raramente representa risco para o bebê durante a gestação, especialmente quando a infecção está restrita à região dos lábios.
Diferente do herpes genital, que pode ser transmitido ao bebê durante o parto e causar complicações graves, o herpes labial não afeta a placenta nem o ambiente intrauterino.
O maior cuidado se dá após o nascimento, se a mãe ou algum cuidador estiver com herpes ativo na região labial:
- Nunca se deve beijar o recém-nascido se estiver com lesões ativas, pois o sistema imunológico do bebê ainda é imaturo, e o risco de infecção neonatal, embora raro, existe.
Como é feito o tratamento durante a gravidez?
O tratamento do herpes labial em gestantes é seguro e indicado para aliviar os sintomas e reduzir a duração do quadro:
✅ Tratamento oral (recomendado na infecção primária ou casos sintomáticos)
Esses medicamentos são seguros na gestação (categoria B pelo FDA) e recomendados por instituições como o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG).
✅ Tratamento tópico (opcional, em casos leves)
Herpes Labial ativo NÃO é indicação de cesariana
Uma dúvida frequente entre gestantes é: “Se eu tiver herpes labial, preciso fazer cesariana?”
A resposta é clara: não!
O herpes labial (HSV-1 na região da boca) não está relacionado à via de parto, e não exige cesariana, mesmo que a lesão esteja ativa no momento do parto. Já o herpes genital com lesões ativas no dia do parto, sim, pode indicar cesariana para proteger o bebê da infecção ao passar pelo canal de parto.
Portanto, é importante diferenciar as localizações das lesões e contar com uma equipe que avalie o caso individualmente, com conhecimento técnico e respeito às escolhas da mulher.
Cuidado, ciência e segurança
No Instituto Nascer, nosso compromisso é com um cuidado humanizado, individualizado e baseado nas melhores evidências. O herpes labial, embora incômodo, é uma condição comum, tratável e que não deve gerar alarme. Com orientação adequada e vigilância no pós-parto, é possível viver a gestação com segurança e tranquilidade.
Hemmerson Henrique Magioni, Médico Obstetra, Fundador e Diretor Técnico do Instituto Nascer – CRM-MG 34455
Fontes científicas:
- American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG). Practice Bulletin No. 82: Management of Herpes in Pregnancy
- Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG). Green-top Guideline No. 30 – Genital Herpes in Pregnancy
- Centers for Disease Control and Prevention (CDC). 2021 STI Treatment Guidelines – HSV
- UpToDate. Oral herpes simplex virus infection in pregnancy
- Cochrane Library. Antiviral therapy for herpes simplex in pregnancy