Instituto Nascer

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As Fases do Trabalho de Parto: Entender para Viver com Segurança e Protagonismo

O trabalho de parto é um processo fisiológico, dinâmico e multifásico, que marca a transição entre a gestação e o nascimento. Conhecer as fases do trabalho de parto ajuda a reduzir a ansiedade, aumentar o senso de controle da mulher e contribui para decisões mais conscientes, baseadas em informação, acolhimento e respeito.

No Instituto Nascer, acreditamos que parto humanizado é parto informado. Por isso, vamos explicar, de forma clara e fundamentada na ciência, cada fase do trabalho de parto — desde os pródromos até o pós-parto imediato — e como lidar com cada momento de maneira respeitosa e segura.

1. Pródromos do Trabalho de Parto

O que é?

Os pródromos são os sinais preparatórios que ocorrem antes do início real do trabalho de parto. São sintomas causados por alterações hormonais e uterinas que anunciam que o corpo está se organizando para o nascimento. Ainda não há dilatação progressiva do colo do útero, e as contrações são geralmente irregulares.

Sintomas comuns:

  • Cólicas leves ou intermitentes
  • Contrações de Braxton Hicks mais fortes
  • Pressão pélvica
  • Perda do tampão mucoso
  • Instabilidade emocional, agitação, insônia
  • Episódios de diarreia ou aumento de gases

Como lidar?

  • Descanso e hidratação
  • Banho morno ou quente para relaxar
  • Manter a rotina habitual, evitando ansiedade
  • Técnica de respiração e relaxamento
  • Conversa com a equipe de apoio/doula para acolhimento e orientação

Importante: este não é o momento de ir para a maternidade, exceto se houver sinais de alerta como sangramento, perda de líquido claro abundante ou redução dos movimentos do bebê.

2. Fase Latente do Trabalho de Parto

O que é?

É a fase inicial do trabalho de parto clínico, quando as contrações se tornam regulares e começam a modificar o colo do útero. Em geral, há apagamento e dilatação de até 4–6 cm. A duração pode variar bastante, especialmente em primíparas, podendo durar até 20 horas ou mais.

Como lidar?

  • Permanecer em casa, se possível, com suporte emocional
  • Posturas livres, mobilidade e exercícios com bola
  • Alimentação leve e hidratação
  • Banhos mornos, massagens e apoio contínuo (companheiro, doula)
  • Descansar entre as contrações

Se houver cansaço extremo ou sofrimento intenso, a mulher tem o direito de procurar a maternidade para analgésico venosa, suporte emocional ou, em casos bem indicados, discutir uma indução de forma consciente, com base nos riscos e benefícios.

3. Fase Ativa do Trabalho de Parto

O que é?

Essa é a fase em que o colo do útero está dilatando rapidamente, geralmente de 4–6 cm até 10 cm, com contrações intensas, ritmadas e frequentes (a cada 2–3 minutos). O bebê começa a descer na pelve e a mulher pode sentir um aumento do desconforto e da necessidade de apoio contínuo.

Como lidar?

  • Ambiente tranquilo e seguro, com apoio contínuo da equipe
  • Livre movimentação, escolha de posições confortáveis
  • Técnicas não farmacológicas de alívio da dor (água quente, rebozo, massagens)
  • Uso de analgesia, se desejado pela mulher
  • Respiração guiada e presença afetiva de quem acolhe

Atenção: A presença de uma doula ou acompanhante treinado está associada a menor taxa de cesáreas e maior satisfação com o parto (Cochrane, 2017).

4. Período Expulsivo

O que é?

É a fase em que o colo do útero já está com dilatação total (10 cm) e o bebê começa a descer e rotacionar no canal vaginal até ser expulso. Pode durar de minutos a algumas horas, sendo geralmente mais curto em multíparas.

A mulher sente uma vontade involuntária de fazer força (reflexo de Ferguson) e o bebê nasce por movimentos coordenados do útero e do esforço materno.

Como lidar?

  • Respeitar o tempo do corpo e da descida do bebê
  • Permitir que a mulher escolha a posição de parir (de cócoras, lateral, banqueta, na água etc.)
  • Orientar sobre o uso adequado da força, se necessário
  • Ambiente silencioso, íntimo e com acolhimento ativo
  • Evitar intervenções desnecessárias para encurtar essa fase.

5. Dequitação Placentária

O que é?

É o momento em que a placenta se desprende do útero e é expulsa pelo canal vaginal, geralmente até 30 minutos após o nascimento do bebê. Pode ocorrer espontaneamente (manejo expectante) ou com auxílio da ocitocina e tração controlada do cordão (manejo ativo).

Como lidar?

  • Contato pele a pele e amamentação precoce favorecem a liberação de ocitocina e a dequitação natural
  • Observar sinais de descolamento: sangramento vaginal, alongamento do cordão, subida do fundo uterino
  • Avaliar o sangramento e a integridade da placenta
  • Manter vigilância ativa e intervenções apenas se necessário

6. Pós-parto Imediato (ou Quarto Período)

O que é?

Corresponde às primeiras 2 horas após o nascimento da placenta, um período crítico para a observação do bem-estar materno. É quando o útero precisa contrair adequadamente para prevenir hemorragias e a mulher deve ser monitorada com atenção e cuidado.

Como lidar?

  • Observação do sangramento e da contração uterina
  • Avaliação de sinais vitais e da recuperação materna
  • Contato pele a pele prolongado e amamentação na primeira hora
  • Privacidade, silêncio e ambiente de amor
  • Respeito ao tempo da mulher e ao vínculo familiar

Conclusão: cada fase importa, cada mulher é única

O trabalho de parto não é um evento isolado, mas um processo complexo, fisiológico e profundamente humano. Ao conhecer suas fases, as gestantes ganham autonomia, segurança e podem vivenciar o nascimento como um evento de força, saúde e transformação.

No Instituto Nascer, cuidamos de cada etapa com ciência, respeito e amor, promovendo um ambiente onde a mulher se sinta segura para viver seu parto da forma mais plena possível.

Hemmerson Henrique Magioni, Médico Obstetra, Fundador e Diretor Técnico do Instituto Nascer – CRM-MG 34455

Fontes e Evidências Científicas

  • American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG). Safe Prevention of the Primary Cesarean Delivery. Obstetric Care Consensus, 2014.
  • World Health Organization (WHO). Intrapartum care for a positive childbirth experience. 2018.
  • Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG). Management of Third Stage of Labour. 2014.
  • NICE Guideline [CG190]. Intrapartum care for healthy women and babies. Updated 2021.
  • Bohren MA, et al. Continuous support for women during childbirth. Cochrane Database Syst Rev. 2017.
  • Spong CY, et al. Defining the onset of labor. Obstet Gynecol. 2003.
  • FIGO Safe Motherhood and Newborn Health Committee. Management of the third stage of labor to prevent postpartum hemorrhage. Int J Gynaecol Obstet. 2012.

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