Instituto Nascer

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Descolamento de Membranas: O que é, quando fazer e o que diz a ciência?

Chegou o final da gestação e você ouviu falar sobre uma prática chamada descolamento de membranas?

Esse procedimento simples pode ser uma alternativa para estimular o início do trabalho de parto de forma mais natural — mas também gera muitas dúvidas e até receios. Neste artigo, vamos explicar de forma clara e baseada em evidências tudo o que você precisa saber sobre o tema.

O que é o descolamento de membranas?

O descolamento de membranas (também chamado de “varredura de membranas”) é uma manobra obstétrica feita durante o exame de toque vaginal, quando o colo do útero já está parcialmente dilatado.

Com movimentos circulares suaves, o profissional introduz o dedo entre a bolsa amniótica e a parede interna do útero, ajudando a liberar naturalmente substâncias chamadas prostaglandinas, que podem favorecer o amadurecimento do colo e desencadear o trabalho de parto.

É um procedimento não farmacológico, considerado minimamente invasivo, e pode ser oferecido em consultas ambulatoriais, sem necessidade de internação.

Quando pode ser feito?

As principais diretrizes internacionais, como NICE (UK) e ACOG (EUA), recomendam considerar o descolamento de membranas em gestantes de baixo risco a partir de 39-41 semanas, como estratégia para:

  • Ajudar a evitar a necessidade de indução farmacológica posterior
  • Favorecer a indução do trabalho de parto de forma mais fisiológica

No Instituto Nascer, consideramos sua aplicação com individualização e consentimento informado, em casos como:

  • Gestantes que desejam evitar uma indução hospitalar
  • Gestantes com colo favorável (dilatado e apagado)
  • A partir de 39-41 semanas, quando há vigilância adequada da saúde materno-fetal

Quais são os benefícios?

De acordo com revisões sistemáticas da Cochrane (Boulvain et al., 2020) e recomendações da NICE e RCOG, os principais benefícios do descolamento de membranas são:

  • Redução do risco de gestação prolongada (além de 41-42 semanas)
  • Menor necessidade de indução com medicamentos (como ocitocina ou prostaglandinas)
  • Pode ajudar a iniciar o trabalho de parto de forma mais natural
  • Pode ser repetido com segurança em consultas subsequentes

É uma prática que respeita o ritmo do corpo, oferecendo uma alternativa entre o “esperar indefinidamente” e a “indução farmacológica imediata”.

Quais os riscos ou efeitos colaterais?

O descolamento de membranas é geralmente seguro, mas pode causar desconfortos:

  • Dor ou cólica leve/moderada durante ou após o procedimento
  • Pequeno sangramento vaginal (geralmente autolimitado)
  • Desconforto emocional se não for bem explicado ou consentido

Não há evidências de que aumente o risco de infecção, ruptura prematura de membranas ou sofrimento fetal, desde que feito por profissional capacitado, com técnica adequada e em contexto seguro.

Funciona mesmo? Qual a taxa de sucesso?

O descolamento não garante que o parto ocorrerá imediatamente, mas estudos mostram:

  • Aumenta a chance de início espontâneo do parto em até 72 horas
  • Pode reduzir a necessidade de indução farmacológica em até 20-25%
  • O efeito é mais eficaz quando o colo está mais maduro (Bishop ≥ 6 ou colo ≥ 2-3cm)
  • Pode ser repetido em dias alternados para melhores resultados

Ou seja, é uma ferramenta com evidência moderada, que pode ser eficaz quando usada com critério e respeito.

Como fazemos no Instituto Nascer?

No Instituto Nascer, acreditamos em decisões compartilhadas, respeitosas e baseadas em ciência. Por isso, quando o descolamento de membranas é considerado:

✔️ Explicamos com calma o que é, como é feito e o que esperar.
✔️ Respeitamos a decisão da mulher — o procedimento só é realizado com consentimento informado.
✔️ Avaliamos cuidadosamente se há contra-indicação, considerando o bem-estar da mãe e do bebê.
✔️ E sempre priorizamos o cuidado humanizado e individualizado, nunca a pressa.

Conclusão

O descolamento de membranas é uma ferramenta válida e segura dentro do cuidado ao final da gestação. Ele pode ser útil para aquelas mulheres que desejam estimular o parto de forma mais natural, evitando intervenções farmacológicas desnecessárias.

Como sempre, o mais importante é informação, escuta e liberdade de escolha. O nascimento deve ser guiado pelo respeito, pela ciência e pela autonomia.

Hemmerson Henrique Magioni, Médico Obstetra, Fundador e Diretor Técnico do Instituto Nascer – CRM-MG 34455

Referências científicas:

  • Boulvain M, et al. Membrane sweeping for induction of labour. Cochrane Database Syst Rev. 2020.
  • NICE Guidelines NG207 – Inducing Labour, 2021
  • ACOG Practice Bulletin No. 107 – Induction of Labor, reaffirmed 2021
  • RCOG Green-top Guideline No. 70 – Induction of Labour, 2022
  • WHO Recommendations: Induction of labour at or beyond term, 2018

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