A chegada do parto pode acontecer de forma espontânea, mas em algumas situações é necessário estimular o corpo a iniciar o trabalho de parto. Esse processo é chamado de indução.
Entre as opções disponíveis, uma das mais seguras, eficazes e recomendadas pela ciência atual é a indução com balão, também conhecida como método de sonda de Foley ou balão duplo (Cook®).
Mas o que é esse balão? Para quem ele é indicado? É doloroso? Funciona mesmo?
Neste texto, vamos responder todas essas perguntas, com base em evidências científicas atualizadas e na experiência respeitosa que oferecemos no Instituto Nascer.
O que é a indução com balão?
A indução com balão é um método mecânico de amadurecimento cervical. Ele não usa medicamentos e consiste na introdução, via vaginal, de um pequeno cateter com um balão na extremidade. Esse balão é inflado com soro dentro do colo do útero (no caso da sonda de Foley) ou em duas porções do colo (internamente e externamente, no caso do balão duplo Cook®).
O objetivo do balão é estimular o colo a dilatar e amolecer, de forma gradual e fisiológica, favorecendo o início do trabalho de parto.
Quando é indicado o uso do balão para indução?
A indução com balão pode ser indicada em diversas situações clínicas nas quais o parto precisa ser estimulado, especialmente quando o colo do útero ainda está pouco dilatado ou imaturo (escore de Bishop ≤ 6).
Principais indicações:
- Gestação prolongada (≥ 41 semanas)
- Bolsa rota sem trabalho de parto espontâneo
- Hipertensão na gravidez ou pré-eclâmpsia
- Diabetes gestacional
- Crescimento fetal restrito
- Necessidade de indução com cesariana anterior (VBAC)
Quais os benefícios da indução com balão?
As revisões sistemáticas da Cochrane e diretrizes do ACOG, NICE, RCOG e OMS reconhecem amplamente os benefícios da indução com balão, especialmente em comparação com métodos farmacológicos em algumas situações:
- Método seguro para mulheres com cicatriz uterina (cesariana anterior)
- Menor risco de hiperestimulação uterina em comparação com prostaglandinas
- Baixo risco de sofrimento fetal associado
- Pode ser usado em ambientes de menor complexidade, inclusive com mobilidade da gestante
- Redução da necessidade de cesárea em algumas populações, especialmente quando associado à ocitocina depois de dilatação inicial
- Pode ser combinado com outros métodos naturais (caminhada, acupressão, estimulação mamilar etc.)
Existem riscos?
Embora seja considerado um método seguro, a indução com balão também possui algumas limitações e possíveis efeitos adversos, que são geralmente leves e raros:
- Desconforto na inserção (geralmente leve e suportável)
- Sangramento vaginal leve (spotting)
- Contrações uterinas dolorosas em algumas mulheres
- Infecção uterina (muito rara, especialmente quando feita com técnica asséptica e tempo de permanência adequado)
- Em alguns casos, não há dilatação suficiente, sendo necessário associar outro método de indução
O tempo de permanência do balão pode variar entre 6 e 24 horas, dependendo da resposta do colo e do protocolo utilizado.
Como é a experiência com o balão no Instituto Nascer?
No Instituto Nascer, a indução com balão é feita com acompanhamento multiprofissional, escuta ativa da mulher e cuidado integral. Valorizamos:
- Consentimento informado
- Ambiente acolhedor
- Atenção ao conforto e dor
- Uso de métodos não farmacológicos de alívio da dor
- Movimentação livre e autonomia da gestante durante o processo
Sempre explicamos que a indução com balão não garante que o parto começará imediatamente, mas prepara o terreno com segurança e respeita os tempos do corpo.
O que dizem as evidências científicas mais recentes?
Cochrane Review (2016, atualizações até 2023)
- O balão intrauterino é tão eficaz quanto o misoprostol para amadurecimento cervical, com menos risco de efeitos adversos graves.
- Associar balão + ocitocina pode ser tão eficaz quanto métodos farmacológicos isolados, com menos efeitos colaterais.
ACOG Practice Bulletin No. 107
- Recomenda o uso de métodos mecânicos (como balão) como alternativa segura à prostaglandina para mulheres com colo desfavorável.
- É considerado o método de escolha em mulheres com cesariana anterior.
NICE Guidelines – Induction of Labour
- O balão é uma opção válida e segura, devendo ser oferecido como alternativa à prostaglandina vaginal, principalmente quando há preocupações com risco de hiperestimulação.
Mensagem final
A indução do parto não precisa ser uma experiência negativa ou artificial. Com o método certo, no tempo certo, e com cuidado respeitoso, ela pode ser uma ponte segura entre o desejo de um parto normal e a realidade clínica de cada gestação.
A indução com balão é uma alternativa eficaz, segura e baseada em evidências, que permite um início de trabalho de parto mais gentil, especialmente em gestantes com cesariana anterior ou colo imaturo.
No Instituto Nascer, acreditamos que o protagonismo da mulher e o respeito à fisiologia devem estar presentes em todas as etapas — inclusive na indução do parto.
Hemmerson Henrique Magioni, Médico Obstetra, Fundador e Diretor Técnico do Instituto Nascer – CRM-MG 34455
Fontes científicas utilizadas:
- Cochrane Database of Systematic Reviews – Mechanical methods for induction of labor (2016, atualizações até 2023)
- ACOG Practice Bulletin No. 107 – Induction of Labor (2019)
- NICE Clinical Guidelines – Inducing Labour (2021)
- RCOG Green-top Guideline No. 45 – Birth after previous caesarean birth
- WHO recommendations for induction of labour (2011)
- Uptodate – Mechanical methods for cervical ripening and labor induction