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Indução Redutora de Risco: você sabe o que é?

Nos últimos anos, o tema indução do parto ganhou espaço nas discussões obstétricas, principalmente após a publicação do estudo ARRIVE Trial (NEJM, 2018), que avaliou a indução eletiva às 39 semanas em gestantes de baixo risco. Os resultados mostraram que a indução nessa situação não aumenta a taxa de cesariana e, em alguns casos, pode até trazer benefícios, como menor risco de hipertensão gestacional e melhores desfechos perinatais.

Esse cenário fez crescer o interesse mundial pela indução eletiva, especialmente em países como os Estados Unidos, onde esse modelo se tornou uma prática cada vez mais aceita. No Brasil, também observamos uma ampliação do número de induções realizadas sem uma necessidade médica clara, por vezes motivadas por conveniência ou preferências institucionais.

Mas será que toda indução é igual?

Aqui no Instituto Nascer, nós gostamos de diferenciar um conceito muito importante: a Indução Redutora de Risco (IRR) ou Risk-Reducing Induction (RRI).

O que é Indução Redutora de Risco?

O termo “Indução Redutora de Risco” não é ainda um conceito formalizado na literatura médica, mas é uma forma de traduzir aquilo que de fato guia nossa prática clínica diária: a decisão de induzir o trabalho de parto quando continuar a gestação traz mais riscos do que benefícios para mãe e bebê.

São situações em que a análise médica baseada em evidências mostra que a indução não apenas é indicada, como também protege ativamente a saúde materna e neonatal, reduzindo o risco de complicações graves.

Exemplos incluem:

  • Hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia, em que a progressão da gestação aumenta o risco de eclâmpsia, AVC ou descolamento de placenta.
  • Restrição de crescimento intrauterino, quando a placenta já não oferece condições ideais de oxigenação e nutrição ao bebê.
  • Gestação pós-termo (≥41 semanas), situação associada a maior risco de morte perinatal, líquido amniótico reduzido e sofrimento fetal.
  • Rotura prematura de membranas a termo, quando a indução reduz risco de infecção para mãe e bebê.

Nesses cenários, a indução é necessária e protetora — ela existe para reduzir riscos e não para implementá-los.

Indução Eletiva versus Indução Redutora de Risco

Enquanto a indução eletiva pode ser oferecida em determinados contextos (como às 39 semanas em nulíparas saudáveis, segundo o ARRIVE Trial), a Indução Redutora de Risco representa uma filosofia de cuidado:

  • Individualizada: cada caso é avaliado considerando a saúde materna, o bem-estar fetal e o contexto da gestação.
  • Baseada em evidências: decisões ancoradas em diretrizes internacionais (ACOG, RCOG, NICE, OMS).
  • Focada na proteção: garantir que a indução seja uma ferramenta de segurança, e não de conveniência.

O olhar do Instituto Nascer

No Instituto Nascer, trabalhamos com uma obstetrícia moderna, humanizada e baseada em evidências. O conceito de Indução Redutora de Risco nasce da nossa prática e da nossa forma de cuidar: só recomendamos a indução quando ela realmente se traduz em menos risco para mãe e bebê.

Isso é coerente com nossos princípios: protagonismo da mulher, assistência multiprofissional e alinhamento com a melhor ciência disponível.

Assim, quando falamos em indução, não estamos apenas discutindo técnicas de amadurecimento cervical ou esquemas farmacológicos. Estamos falando de cuidado responsável: distinguir a indução necessária da indução desnecessária.

Conclusão

A indução do parto é uma ferramenta poderosa da obstetrícia contemporânea. Porém, precisa ser usada com critério, respeito e ciência.

O conceito de Indução Redutora de Risco nos ajuda a enxergar que há situações em que induzir é, na verdade, proteger — proteger a saúde materna, proteger a vida do bebê e promover uma experiência de nascimento mais segura.

E, no Instituto Nascer, esse é o nosso compromisso: oferecer sempre o cuidado mais humano e baseado nas melhores evidências disponíveis.

Hemmerson Henrique Magioni, Médico Obstetra, Fundador e Diretor Técnico do Instituto Nascer – CRM-MG 34455

Referências

  • Grobman WA, et al. Labor Induction versus Expectant Management in Low-Risk Nulliparous Women. N Engl J Med. 2018;379(6):513-523.
  • American College of Obstetricians and Gynecologists. Practice Bulletin No. 222: Induction of Labor. Obstet Gynecol. 2020;135(5):e110–e127.
  • National Institute for Health and Care Excellence (NICE). Inducing Labour (NG207). 2021.
  • Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG). Induction of Labour at Term in Older Mothers. Scientific Impact Paper No. 34, 2013.
  • Middleton P, Shepherd E, Crowther CA. Induction of labour for improving birth outcomes for women at or beyond term. Cochrane Database Syst Rev. 2018; Issue 5.

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