Instituto Nascer

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Métodos Naturais de Alívio da Dor no Parto: o que diz a ciência?

A dor do parto é uma experiência intensa, única e multifatorial — resultado de aspectos fisiológicos, emocionais, culturais e até espirituais. No modelo de cuidado humanizado praticado no Instituto Nascer, a dor não é vista como algo a ser temido, mas como um processo natural que pode ser acolhido e manejado com recursos eficazes, respeitosos e seguros. Dentre eles, os métodos naturais de alívio da dor ocupam papel de destaque, pois respeitam a fisiologia do parto, ampliam a autonomia da mulher e reduzem intervenções desnecessárias.

Mas afinal, o que são esses métodos? E o que a ciência diz sobre sua eficácia?

O que são métodos naturais de alívio da dor?

São estratégias não farmacológicas que promovem conforto físico e emocional durante o trabalho de parto, sem uso de medicamentos. Envolvem desde mudanças de posição e técnicas de respiração até massagens, banhos quentes e o uso de calor. Esses métodos ajudam a reduzir a percepção da dor, favorecer o progresso do trabalho de parto e melhorar a vivência da mulher.

O que a ciência diz sobre sua eficácia?

Revisões sistemáticas da Cochrane, da NICE (UK), além de diretrizes do Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG) e do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) são unânimes: métodos naturais têm eficácia comprovada na redução da dor, na melhora da experiência do parto e na diminuição de intervenções como ocitocina, fórceps e cesariana.

Principais métodos naturais e evidências científicas

1. Movimentação e posições verticais

Movimentar-se livremente, caminhar, sentar no cavalinho, ajoelhar ou agachar são práticas que favorecem o encaixe do bebê e aliviam a dor lombar.

  • Evidência: Mulheres que utilizam posições verticais apresentam menor duração do trabalho de parto e menor necessidade de analgesia.
    (Cochrane Review, Lawrence et al., 2013)

2. Imersão em água quente (banheira ou chuveiro)

A água quente promove relaxamento muscular, diminui a produção de catecolaminas (hormônios do estresse) e aumenta a oxitocina, favorecendo a progressão do parto.

  • Evidência: O uso de imersão na água reduz significativamente a dor e a necessidade de analgesia peridural, sem aumentar riscos materno-fetais.
    (Cluett & Burns, Cochrane, 2009)

3. Massagens e técnicas de toque

Toques suaves, massagens na lombar, compressão do quadril e uso de óleos essenciais favorecem o conforto físico e emocional.

  • Evidência: Técnicas de massagem reduzem a percepção de dor, ansiedade e aumentam a satisfação com o parto.
    (Chang et al., Journal of Clinical Nursing, 2002)

4. Técnicas respiratórias e relaxamento guiado

Exercícios de respiração consciente ajudam a manter o foco, relaxar a musculatura e melhorar a oxigenação.

  • Evidência: Respiração profunda e relaxamento reduzem o estresse e a percepção de dor. São especialmente úteis nas fases iniciais do trabalho de parto.
    (Smith et al., Cochrane Review, 2018)

5. Método de alívio por calor local (bolsas térmicas)

O uso de calor na região lombar ou abdominal diminui a tensão muscular e modula os receptores de dor.

  • Evidência: Estudos demonstram que bolsas de água quente ou compressas térmicas diminuem a dor sem efeitos adversos.
    (Dowswell et al., Cochrane, 2011)

6. Suporte contínuo durante o trabalho de parto (doula ou acompanhante treinado)

O apoio emocional, físico e informacional contínuo de uma pessoa da confiança da mulher melhora significativamente os desfechos do parto.

  • Evidência: A presença contínua de apoio reduz o tempo de trabalho de parto, diminui o uso de analgesia, o risco de cesariana e aumenta a satisfação com o parto.
    (Bohren et al., Cochrane, 2017)

7. Terapias complementares com pouco respaldo científico

  • Acupuntura e acupressão: estudos mostram redução significativa da dor e menor necessidade de analgesia.
  • Aromaterapia: óleos como lavanda, camomila e rosa têm efeito ansiolítico e relaxante.
  • Música e cromoterapia: promovem bem-estar e ajudam a distrair a atenção da dor.
  • Evidência: Apesar de limitações metodológicas em alguns estudos, há benefícios consistentes e segurança no uso dessas práticas como coadjuvantes.
    (Smith et al., Cochrane, 2011; NICE Intrapartum Care Guidelines, 2021)

Por que priorizar os métodos naturais?

Além de baseados em evidências, os métodos naturais devolvem à mulher o protagonismo do parto, fortalecem sua autoconfiança e respeitam o ritmo fisiológico do nascimento. Eles se alinham ao modelo de cuidado centrado na mulher, com menor interferência e maior escuta.

Importante lembrar que, quando necessário e desejado, métodos farmacológicos como a analgesia peridural devem estar disponíveis — mas nunca como única opção. O verdadeiro cuidado é aquele que respeita escolhas informadas e oferece alternativas seguras, eficazes e respeitosas.

No Instituto Nascer: ciência com afeto

No Instituto Nascer, promovemos um ambiente onde a dor do parto é acolhida com presença, preparo e propósito. Nossa equipe multiprofissional capacita cada mulher com informações e recursos para que ela possa viver o nascimento com menos medo, mais conexão e mais liberdade.

Como sempre dizemos: o parto pode sim ser intenso — mas não precisa ser sofrido.

Hemmerson Henrique Magioni, Médico Obstetra, Fundador e Diretor Técnico do Instituto Nascer – CRM-MG 34455

Fontes científicas:

  • Lawrence A, Lewis L, Hofmeyr GJ, Styles C. Maternal positions and mobility during first stage labour. Cochrane Database Syst Rev. 2013.
  • Cluett ER, Burns E. Immersion in water in labour and birth. Cochrane Database Syst Rev. 2009.
  • Bohren MA, Hofmeyr GJ, Sakala C, Fukuzawa RK, Cuthbert A. Continuous support for women during childbirth. Cochrane Database Syst Rev. 2017.
  • Smith CA, Levett KM, Collins CT, Armour M, Dahlen HG, Suganuma M. Complementary and alternative therapies for pain management in labour. Cochrane Database Syst Rev. 2018.
  • NICE Guidelines. Intrapartum care for healthy women and babies. 2021.
  • RCOG. Clinical Green-top Guidelines.
  • ACOG Practice Bulletin No. 209: Obstetric Analgesia and Anesthesia. 2019.

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