Nota – COVID-19 e Aleitamento Materno

Em complementação à extensa revisão publicada pelas Comissões Nacionais Especializadas (CNE) da FEBRASGO em Assistência Pré-Natal e Doenças Infecto-Contagiosas, a CNE em Aleitamento Materno vem relatar esta breve nota específica sobre amamentação e COVID-19.

Até o momento desta publicação, o único estudo clínico disponível sobre transmissão vertical do novo Coronavírus afirma que, de nove pacientes com pneumonia causada pelo COVID-19, em seis, foi pesquisada a presença do vírus no líquido amniótico, sangue do cordão umbilical, leite materno e swab da orofaringe do recém-nascido. Todas as amostras se mostraram negativas.

Apesar de tratar-se de análise retrospectiva de prontuários e da pequena amostra, esta é a informação científica disponível por ora. Deste modo, não há documentação de transmissão vertical durante a gestação, nem no período neonatal, através da amamentação.

Opinião emitida num consenso de especialistas chineses é contrária à evidência disponível, ao afirmar que, em tese, a possibilidade de transmissão vertical do COVID-19 não pode ser descartada e, por isso, deve ser contraindicada a amamentação, mesmo em casos apenas suspeitos.(3) Afirmam que o vírus deve ser pesquisado no leite de mães suspeitas ou diagnosticadas e, só se o resultado for negativo, os bebês podem ser alimentados com leite materno. Ainda, descrevem que o leite humano de doadoras hígidas também deve ser triado quanto à presença do COVID-19, pois afirmam que o vírus pode ser excretado no leite durante possível período de incubação da doença. Entretanto, não relatam caso algum de transmissão vertical do novo Coronavírus.

Duas revisões sobre o assunto, uma do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) norte-americano e outra do Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG), de Londres, enfatizam que, uma vez que a mãe seja esclarecida e esteja de acordo, seja praticado o aleitamento materno com as precauções necessárias: uso de máscara pela lactante e lavagem de mãos antes das mamadas. Portanto, salvo alguma intercorrência que exija a separação do binômio, como, por exemplo, o agravamento das condições de saúde maternas, é perfeitamente possível que mãe e filho permaneçam em sistema de alojamento conjunto até a alta hospitalar.

Nas duas publicações, é destacado o fato de que, pelos conhecimentos atuais, os benefícios da amamentação superam quaisquer riscos potenciais de transmissão do vírus através do leite materno. Assim, as mulheres portadoras do COVID-19 que desejam amamentar, devem ser estimuladas a fazê-lo e tomar as seguintes precauções para evitar a disseminação viral para o recém-nascido:

– Lavar as mãos antes de tocar no bebê, em bomba extratora de leite ou, mesmo, em mamadeira;

– Usar máscara facial durante as mamadas;

– Seguir rigorosamente as recomendações para limpeza das ordenhadeiras após cada uso;

– Considerar a possibilidade de solicitar a ajuda de alguém que esteja saudável para oferecer o leite materno ordenhado ao bebê.

*Fonte: Nótula complementar da Federação Brasileira de Ginecologistas e Obstetras (FEBRASGO) sobre COVID-19 e Aleitamento Materno

Setor de Aleitamento do Instituto Nascer sob coordenação da Enfermeira Especializada em Aleitamento Materno Giovanna Cappai.

Imagem: Natalia Diniz Fotografia
Nota – COVID-19 e Aleitamento Materno

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