Instituto Nascer

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TENTANTES – Nutrição para Fertilidade: o cuidado começa antes da concepção

Você já ouviu falar que o cuidado com o bebê começa antes mesmo da gravidez? Pois é! Nos últimos anos, a ciência tem mostrado que a alimentação da mulher (e também do homem) no período de planejamento gestacional pode influenciar diretamente as chances de engravidar, a qualidade dos óvulos e espermatozoides, e até mesmo a saúde futura do bebê.

Esse período é chamado de “janela pré-concepcional”, e cuidar da nutrição nesse momento é mais do que uma boa ideia — é uma atitude baseada em evidências.

O que é a nutrição para fertilidade?

É uma abordagem alimentar direcionada ao equilíbrio nutricional e hormonal, com o objetivo de otimizar as chances de engravidar naturalmente e promover o desenvolvimento saudável do embrião nas primeiras semanas, antes mesmo de a mulher saber que está grávida.

Ela envolve ajustes alimentares e, quando necessário, suplementações específicas, com base nas necessidades individuais de cada mulher, preferencialmente de 3 a 6 meses antes da gestação.

Quando deve ser iniciada?

O ideal é que a nutrição para fertilidade seja iniciada pelo menos 3 meses antes da concepção. Esse tempo é fundamental porque:

  • O desenvolvimento do óvulo (foliculogênese) leva cerca de 90 dias.
  • A implantação embrionária e a formação inicial da placenta são processos altamente sensíveis ao ambiente metabólico da mãe.
  • Alguns nutrientes, como o ácido fólico, só conseguem exercer sua função protetora (como prevenir defeitos do tubo neural) se estiverem em níveis adequados desde o momento da concepção.

Quais os principais pilares da nutrição para fertilidade?

  1. Correção de deficiências nutricionais
    Baixos níveis de ácido fólico, ferro, cálcio, vitamina D, zinco, vitamina B12 e selênio são comuns em mulheres em idade fértil e podem impactar negativamente a ovulação e o ambiente uterino.
  2. Redução da inflamação e melhora da sensibilidade à insulina
    Dietas com alta carga glicêmica, ricas em ultraprocessados, aumentam resistência à insulina e inflamação, prejudicando a ovulação e favorecendo condições como a síndrome dos ovários policísticos (SOP).
  3. Equilíbrio hormonal
    Uma nutrição anti-inflamatória e rica em antioxidantes favorece o equilíbrio do eixo H-H-O (hipotálamo-hipófise-ovário), melhorando os ciclos ovulatórios.

Alimentos que favorecem a fertilidade

  • Frutas e vegetais frescos (orgânicos, quando possível): ricos em antioxidantes como vitamina C, E, betacaroteno e compostos anti-inflamatórios.
  • Gorduras boas: azeite de oliva extravirgem, abacate, castanhas, sementes, óleo de linhaça, peixes ricos em ômega-3 (salmão selvagem, sardinha).
  • Proteínas magras e vegetais: leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico), ovos caipiras, carnes magras.
  • Grãos integrais e alimentos com baixo índice glicêmico: quinoa, aveia, arroz integral.
  • Probióticos naturais: kefir, iogurte natural, chucrute, que ajudam na saúde intestinal e regulação do sistema imune.

Alimentos que prejudicam a fertilidade

  • Açúcares refinados e farinha branca: aumentam resistência à insulina e inflamação.
  • Alimentos ultraprocessados: embutidos, refrigerantes, fast food, biscoitos recheados — ricos em aditivos, gordura trans e pobre em nutrientes.
  • Cafeína em excesso: o consumo moderado (<200mg/dia) é seguro, mas doses altas podem interferir na ovulação. Alguns especialistas tem recomendado consumo “zero cafeína” em mulheres com histórico de perda gestacional anterior no primeiro trimestre.
  • Álcool: mesmo em doses moderadas, pode afetar a qualidade do óvulo e aumentar o risco de abortamento precoce.
  • Xenobióticos: substâncias presentes em plásticos (BPA), pesticidas e cosméticos industrializados, que agem como disruptores endócrinos e podem alterar a fertilidade feminina e masculina.

E o papel dos suplementos?

Embora a base da saúde esteja na alimentação, alguns suplementos são fundamentais no planejamento gestacional, especialmente quando há risco de carência. Os principais com evidência científica:

  • Ácido fólico (400 a 800 mcg/dia): essencial para prevenir malformações do tubo neural.
  • Vitamina D: importante para função ovariana e implantação embrionária.
  • Zinco e selênio: antioxidantes que protegem os gametas do estresse oxidativo.
  • Ômega-3 (EPA/DHA): reduz inflamação e melhora a receptividade endometrial.
  • Mioinositol: especialmente benéfico para mulheres com SOP e resistência à insulina.

A suplementação deve ser sempre orientada por um profissional de saúde com experiência em fertilidade e baseada em exames laboratoriais.

Conclusão: fertilidade é um reflexo de saúde!

Fertilidade não é um botão que se liga quando se decide engravidar — ela é o reflexo do equilíbrio metabólico e hormonal de todo o corpo. A nutrição é uma das formas mais potentes de cuidar da fertilidade, tanto para quem deseja engravidar naturalmente quanto para quem está em tratamento de reprodução assistida.

No Instituto Nascer, acreditamos que cuidar da fertilidade é cuidar do futuro. Por isso, nosso olhar é integral, interdisciplinar e baseado nas melhores evidências científicas.

Hemmerson Henrique Magioni, Médico Obstetra, Fundador e Diretor Técnico do Instituto Nascer – CRM-MG 34455

Referências científicas

  • Gaskins AJ, Chavarro JE. Diet and fertility: a review. Am J Obstet Gynecol. 2018;218(4):379-389.
  • Karayiannis D, Kontogianni MD, Mendorou C, et al. Association between adherence to the Mediterranean diet and semen quality parameters in male partners of couples attempting fertility. Hum Reprod. 2017;32(10):2150–2156.
  • Chavarro JE, Rich-Edwards JW, Rosner BA, Willett WC. Dietary fatty acid intakes and the risk of ovulatory infertility. Am J Clin Nutr. 2007;85(1):231-237.
  • American Society for Reproductive Medicine (ASRM). Optimizing natural fertility. Fertil Steril. 2017;107(1):52–58.
  • National Institute for Health and Care Excellence (NICE). Fertility problems: assessment and treatment [CG156]. Published 2013. Updated 2024.
  • Cochrane Review: Antioxidants for female subfertility – Showell MG, et al. Cochrane Database Syst Rev. 2017.
  • UpToDate. Preconception and prenatal nutrition. Last updated 2024.

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