A Ordenha Gestacional consiste na extração manual de colostro ainda durante a gestação, com o objetivo de armazenar pequenas quantidades desse “primeiro leite” para uso logo após o nascimento. Quando indicada, ela pode ser iniciada a partir de 36 a 37 semanas de gestação, desde que a gestante esteja em uma gravidez de baixo risco para parto prematuro e sem contraindicações obstétricas. A técnica deve ser ensinada por um profissional habilitado e deve ser realizada uma ou duas vezes ao dia, por alguns minutos, respeitando sempre o conforto materno e evitando qualquer sinal de contração uterina.
As principais indicações incluem:
1. Gestantes com Diabetes (pré-gestacional ou gestacional)
- Bebês de mães com diabetes têm maior risco de hipoglicemia neonatal.
- A ordenha pode garantir um estoque de colostro para administração precoce ao bebê, reduzindo a necessidade de fórmulas.
2. Histórico de Cirurgia Mamária
- Mulheres que passaram por redução mamária ou outras cirurgias mamárias que possam comprometer a lactação podem se beneficiar da coleta antecipada.
3. Bebê com Diagnóstico Pré-Natal de Condições que Podem Dificultar a Amamentação
- Fissura labiopalatina.
- Síndrome de Down.
- Prematuridade esperada.
4. Uso Planejado de Medicamentos Pós-Parto que Contraindicam a Amamentação Temporária
- Algumas medicações usadas no pós-parto imediato podem exigir uma pausa na amamentação. Ter um estoque de colostro pode ajudar a evitar fórmulas.
Contraindicações e Cuidados
- Gestantes de alto risco para parto prematuro (colo curto, cerclagem, história de parto prematuro, contrações frequentes) devem evitar a ordenha, pois pode estimular a liberação de ocitocina.
- Deve ser feita apenas após 37 semanas, a menos que haja recomendação específica.
- A técnica deve ser ensinada por um profissional, evitando traumas mamários e garantindo a coleta correta.
Conclusão:
A ordenha gestacional pode ser útil para garantir um início mais tranquilo da amamentação em casos específicos. No entanto, deve ser feita com indicação clara e supervisão adequada para evitar riscos ao trabalho de parto.
Hemmerson Henrique Magioni, Médico Obstetra, Fundador e Diretor Técnico do Instituto Nascer – CRM-MG 34455
*Fontes:
- National Health Service (NHS), Reino Unido.
- Academy of Breastfeeding Medicine (ABM) Protocols.
- Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG).