Nos braços do cuidador, o bebê se sente protegido, acolhido e amado. E é exatamente isso que o sling proporciona: uma forma ancestral, moderna e baseada em evidências de carregar o bebê junto ao corpo, com segurança e afeto.
O que é o sling?
O sling é um carregador de bebês feito de tecido, que permite manter o bebê próximo ao corpo do cuidador. Pode ser utilizado desde os primeiros dias de vida até a primeira infância, respeitando as particularidades de cada fase do desenvolvimento.
Existem diversos tipos de sling, como o wrap sling (faixa longa de tecido), o ring sling (com argolas para ajuste), o pouch sling (tipo bolsa, sem ajustes), e os mei tais ou carregadores ergonômicos estruturados. Cada um oferece diferentes possibilidades de uso, mas todos têm algo em comum: mantêm o bebê em contato próximo com quem cuida.
Por que usar sling?
Do ponto de vista da fisiologia, do desenvolvimento emocional e do cuidado humanizado, carregar o bebê no sling é muito mais do que uma questão de praticidade. É uma prática que favorece vínculo, regulação emocional e segurança afetiva, aspectos fundamentais nos primeiros 1000 dias de vida – um período crítico para a saúde física e emocional ao longo de toda a vida.
Benefícios do uso do sling para o bebê:
- Segurança emocional e vínculo afetivo: o contato constante com o corpo do cuidador promove sensação de acolhimento, regulação do estresse e fortalecimento do vínculo.
- Melhor regulação fisiológica: há melhora na frequência cardíaca, temperatura e respiração, especialmente nos primeiros meses.
- Desenvolvimento neurológico e motor: a posição vertical favorece o tônus muscular e a consciência corporal do bebê.
- Redução de cólicas e refluxo: a posição ereta ajuda na digestão.
- Menos choro: estudos mostram que bebês carregados choram menos e dormem melhor.
Benefícios para quem cuida (mãe, pai, avós, cuidadores):
- Facilita o aleitamento materno (em livre demanda e com privacidade).
- Liberdade de movimento: mãos livres para realizar outras tarefas, promovendo autonomia na rotina.
- Fortalece o vínculo e a confiança parental: melhora a percepção das necessidades do bebê.
- Favorece a participação ativa dos pais nos cuidados desde o início.
Sling é ciência e afeto
Pesquisas sobre o Método Canguru, especialmente com recém-nascidos prematuros ou de baixo peso, embasam cientificamente o uso do sling. A Cochrane Library demonstra que o contato pele a pele favorece a sobrevivência, reduz infecções graves, melhora o aleitamento e o ganho de peso.
Da mesma forma, o American Academy of Pediatrics (AAP) e o National Institute for Health and Care Excellence (NICE) destacam os benefícios do contato contínuo entre bebê e cuidador, inclusive com o uso de carregadores ergonômicos como os slings.
No modelo de cuidado centrado na família, o sling é uma ferramenta que respeita o protagonismo da mãe, estimula o vínculo e integra o bebê à vida familiar de maneira afetuosa e respeitosa.
Segurança: pontos essenciais
Apesar dos muitos benefícios, o uso do sling deve seguir orientações de segurança:
- O bebê deve estar na posição de sapinho (em “M”), com os joelhos mais altos que o bumbum.
- A coluna do bebê deve estar em “C”, sem hiperextensão.
- O rosto deve estar visível e livre, com o queixo longe do peito, garantindo vias aéreas desobstruídas.
- O bebê deve estar próximo o suficiente para ser beijado.
- Evite tecidos frouxos ou posições que comprimam o tórax ou forcem a cervical.
- Prefira slings ergonômicos e com certificações ou produzidos por marcas com orientação profissional.
A partir de quantos dias/semanas pode-se usar o sling?
O sling pode ser utilizado desde o nascimento, inclusive com recém-nascidos a termo e prematuros estáveis, desde que sejam respeitadas as orientações de posição segura, tipo de sling adequado e condições clínicas do bebê.
Requisitos mínimos:
- Recém-nascido a termo saudável: pode usar sling desde o primeiro dia de vida, inclusive ainda na maternidade (especialmente no contexto de pele a pele e alta precoce).
- Prematuros: o uso pode ser iniciado ainda na internação, em forma de método canguru supervisionado, e depois em casa, com liberação da equipe neonatal.
- O mais importante não é a idade em dias ou semanas, mas sim:
- Tônus cervical e controle postural (monitorado pelo cuidador)
- Peso e estabilidade clínica (respiratória, neurológica, hemodinâmica)
- Presença de refluxo importante ou malformações que contraindiquem posição vertical
Recomendações específicas baseadas em evidências:
1. Cochrane (2016) – Kangaroo Mother Care:
- Bebês de baixo peso (<2500g) e prematuros se beneficiam significativamente do contato pele a pele desde o nascimento, inclusive com uso de carregadores tipo sling estruturado.
- Resultados: redução da mortalidade neonatal, infecção grave e maior prevalência de aleitamento exclusivo ao receber alta.
2. American Academy of Pediatrics (AAP):
- Reforça que o babywearing (uso de slings) é seguro desde o nascimento, desde que os princípios de segurança sejam respeitados.
- Alerta para posição correta das vias aéreas, especialmente em recém-nascidos até 4 meses, que têm maior risco de obstrução cervical.
3. Royal College of Midwives (RCM):
- Recomenda o uso de sling imediatamente após o parto, com supervisão no hospital e continuidade no domicílio.
- Enfatiza a importância do treinamento e da orientação por profissionais capacitados.
Quando evitar o sling?
Em casos de prematuridade extrema, malformações ortopédicas ou respiratórias, ou condições clínicas específicas, o uso do sling deve ser orientado por equipe multiprofissional (neonatologia, fisioterapia, enfermagem e pediatria). No geral, o sling pode ser usado com segurança desde o nascimento, inclusive com recém-nascidos a termo.
O sling no cuidado moderno e humanizado
No Instituto Nascer, reconhecemos o poder do colo. Sabemos que bebês que recebem afeto, presença e toque constroem uma base segura para crescerem mais saudáveis e emocionalmente regulados. E o sling é uma extensão desse colo: um cuidado de corpo inteiro, com alma e com ciência.
Mais do que um acessório, o sling representa um olhar para a infância centrado no vínculo, na escuta e no respeito. Porque o cuidado começa no colo — e o colo é, sempre, o melhor lugar do mundo para um bebê.
Referências científicas:
- Conde-Agudelo A, Díaz-Rossello JL. Kangaroo mother care to reduce morbidity and mortality in low birthweight infants. Cochrane Database Syst Rev. 2016.
- American Academy of Pediatrics. Babywearing and infant health. 2020.
- National Institute for Health and Care Excellence (NICE). Postnatal care: contact with parents and infants. 2021.
- Royal College of Midwives. Skin-to-skin contact and babywearing guidance. 2020.
- Moore ER, Anderson GC, Bergman N, Dowswell T. Early skin-to-skin contact for mothers and their healthy newborn infants. Cochrane Database Syst Rev. 2016.