Instituto Nascer

Pre-eclampsia-o-que-e-sintomas

Como fazer a Prevenção de Pré-Eclampsia?

A mortalidade materna (MM) ainda é extremamente alta em todo o mundo, incluindo o Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 830 mulheres morrem diariamente por causas evitáveis relacionadas à gravidez e ao parto em todo o mundo.

Entre essas causas, encontra-se a pré-eclâmpsia. Dados de 2023 da OMS apontam que cerca de 94% das mortes decorrentes de pré-eclâmpsia ocorreram em países de baixa e média renda; no Brasil, ela é a principal causa de morte materna.

Segundo o Ministério da Saúde, em 2020, foram registradas 302 mortes maternas por hipertensão, incluindo casos de pré-eclâmpsia (1 morte materna a cada 29 horas).

Historicamente, muitas intervenções têm sido estudadas a fim de reduzir o risco de ocorrência de pré-eclâmpsia/eclâmpsia, entre as quais são exemplos: repouso, restrição de sal na dieta, suplementação com vitaminas C, E e D, ômega-3, ácido fólico e prescrição de enoxaparina.

Infelizmente, nenhuma dessas intervenções conseguiu estabelecer uma ação protetora efetiva, não devendo, por isso, ser aplicadas na prática clínica.

No nível atual da evidência científica, TRÊS são as estratégias comprovadamente associadas com a redução no risco na ocorrência de pré-eclâmpsia/eclâmpsia, devendo ter ampla implementação na assistência obstétrica, quais sejam:

▪️Realização de exercício físico na gestação; redução de aproximadamente 35% do risco de pré-eclâmpsia.

Toda gestante deve realizar pelo menos 140 minutos por semana de exercícios aeróbicos e de condicionamento de força como: caminhadas, ciclismo estacionário, atividade aeróbica, dança, exercícios de resistência e de alongamento, e hidroterapia/ hidroginástica.

▪️Suplementação universal de cálcio durante o pré-natal em populações com baixa ingesta ou risco clínico ou obstétrico para pré-eclâmpsia;

Revisão sistemática com metanálise de 13 estudos que compararam a suplementação de cálcio em altas doses (≥1 g/dia) versus placebo, em 15.730 mulheres, encontrou redução de 55% na ocorrência de pré-eclâmpsia no grupo com suplementação de cálcio, em comparação com placebo.

O efeito foi mais eficaz para mulheres com maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia (consoante aos seguintes fatores clínicos: nuliparidade, idade materna acima de 35 anos, hipertensão em gestação anterior, gestantes com diabetes mellitus), em que se observou redução do risco de pré-eclâmpsia de 78%, embora isso possa ser devido ao número limitado de pacientes com essa condição.

Desde 2011, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a suplementação de cálcio para prevenir a pré-eclâmpsia em todas as grávidas com dieta pobre em cálcio (<900 mg cálcio/dia),

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a média da ingesta de cálcio na população brasileira é de 476 mg/dia, sendo um pouco maior na região Sudeste (505 mg/dia), mas, ainda assim, insuficiente.

▪️Prescrição de Ácido Acetilsalicílico (AAS) nos casos de risco clínico ou obstétrico para pré-eclâmpsia.

O uso de AAS em baixas doses (100mg/dia) é recomendado para gestantes de alto risco para a ocorrência de pré-eclâmpsia (grau de evidência A) por reduzir em 17% a incidência de pré-eclâmpsia (podendo chegar a uma redução de 67% de pré-eclâmpsia pré-termo) e em 14% a morte fetal ou neonatal.

Diante da relevância e da gravidade da pré-eclâmpsia como principal causa de mortalidade materna no Brasil, é urgente que as estratégias com eficácia comprovada sejam amplamente adotadas na prática clínica obstétrica. Investir em prevenção baseada em evidências — como o incentivo à atividade física, a suplementação adequada de cálcio e o uso criterioso de AAS — é um caminho essencial para salvar vidas, reduzir desigualdades e garantir uma gestação mais segura para todas as mulheres.

Hemmerson Magioni, Médico Obstetra, Fundador e Diretor Técnico DO Instituto Nascer – CRM-MG 34455.

*Fontes: Organização Mundial da Saúde (OMS) / Ministério da Saúde do Brasil / Biblioteca Cochrane / Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) / American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) / United States Preventive Services Task Force (USPSTF)

Conteúdos que você pode gostar:

Ainda não encontrou a informação que precisava?

Utilize a ferramenta de busca para encontrar o tema desejado.

Abrir bate-papo
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?