Amanda Naves Ulhoa

PARTO NATURAL – BANQUINHO DE PARTO (Hospital MaterDei – 01/04/2018)
Há alguns dias ensaio para escrever sobre o meu parto. E hoje, ao lado da Alice, resolvo descrever esse momento que vivemos e que me descobri ainda mais forte que imaginava.
Começo há 3 anos, 01/05/2015, que veio ao mundo meu primeiro amor: meu filho Davi. Após realizar um ultrassom “de rotina”, a médica informa que o liquido amniótico “está baixo” e que será preciso realizar uma cesárea. Eu estava com 37 semanas e 3 dias. Sem refazer o exame ou até mesmo questionar o ultrassom apresentado, junto com a médica, vamos em busca de hospital. Em duas maternidades não encontramos “vaga” e no terceiro hospital, me interno. Um parto NADA humanizado, não me explicam nada do procedimento e simplesmente, me levam para a sala de cirurgia. Como se estivesse crucificada, com os dois braços presos, me senti totalmente impotente. Peço para que deixem o meu marido entrar e parece que ninguém me ouve! Eu tinha a sensação que estava sozinha! Quando o vi, ao mesmo tempo que me deu um alivio, tive muito medo, estava muito nervosa. Meia noite e meia: nasce Davi! Que alivio! Uma cirurgia rápida, mas me senti estranha! Ele foi tirado de mim, foi para as mãos da pediatra e depois, rapidamente, para as do Gustavo. Peço para deixarem ver meu filho! Me “mostraram”, sem poder encostá-lo, pois continuava “amarrada” e o levaram para os procedimentos médicos. Eu fui levada para o bloco cirúrgico e depois de algum tempo, uma enfermeira simplesmente “coloca” Davi na maca e eu pergunto a ela: e agora, o que faço? Sem responder, sai da sala. Fiquei por muito tempo frustrada com o parto e com os profissionais que me atenderam. Graça a Deus, Davi veio saudável, mas a sensação de que ele foi tirado de dentro de mim a força e não foi me entregue, ainda me comove. Tinha o sonho que ele nascesse e viesse para o meu peito, mas isso não aconteceu.
Em cada consulta com a pediatra do Davi, Dra Maria Fernanda, no Instituto, eu conhecia ainda mais a missão desse local, pois alem do cuidado extremo com o meu filho e meu sentia muito respeitada e ouvida, em meu puerpério, como mãe e como mulher.
Retornei na medica para verificar os pontos, mas a consulta de 3 meses já foi no Instituto Nascer, com a Dra Quesia. Ao relatar o que havia acontecido em meu parto, estava estampado em seu rosto a indignação pelo que eu havia passado e eu ainda me emocionava ao contar. A partir dali, eu tinha a certeza de que se eu tivesse outro filho, seria um parto humanizado, bem diferente do que foi o do Davi. E foi!!
Em setembro de 2017 retorno ao Instituto grávida, para minha primeira consulta do pré natal e meu primeiro ultrassom. E agora uma menina! Gravidez tranquila, saudável e bem cuidada. Conheço as Dras. Marina e Ludmila e sou extremamente respeitada e bem cuidada por todas.
31 de março de 2018, 08h30, minha bolsa se rompe em Paracatu, cidade que moro, há 500 km de BH. Estou com 36 semanas e 2 dias, feriado de Semana Santa. Quando sinto a água pelas pernas, não sei o que fazer. Nada pronto para viajar e muito menos para ficar em Paracatu para parir, pois tinha certeza que seria outro parto nada humanizado e sem nenhuma estrutura que me passasse segurança. Peço ajuda a minha mãe, minha irmã e minha cunhada, enquanto o Gustavo chega de viagem. Vamos em busca de algum medico para me avaliar, no feriado isso fica mais difícil, mas encontramos uma ginecologista de confiança para avaliação. Fui avaliada, realizei um ultrassom para verificar o liquido e ela conversou com a Dra Marina para definirem o que eu faria. Ahhh…a Dra Marina estava viajando, já havia me avisado, mas me passou as “coordenadas”e segui com a Dra Ludmila. Que equipe fantástica! Vamos para BH. Eu, Gustavo e Davi. Que loucura!, muitos me disseram, mas jamais faria isso sem o suporte que tive no pré natal e no dia em que a bolsa rompeu. Já sabia que eu estaria longe, que tudo isso poderia acontecer, mas conhecia os mitos e riscos da bolsa rota, caso viesse acontecer.
Chegamos em BH por volta de 17h30 e às 19h Adrinez chegou em minha casa para me avaliar. Em casa! Não fomos direto para o hospital, pois não era necessário. Verificou que realmente a bolsa havia rompido, que eu não tinha dilatação e o colo estava fechado. Uma profissional extremamente competente e que, pacientemente, nos tirou todas as dúvidas. Combinamos então que, caso eu não entrasse em trabalho de parto até as 07h do dia seguinte, ela voltaria para me avaliar e faríamos uma cesárea. Vinda de uma cultura de cesáreas, estava tranquila se esta fosse a opção, porém deveria ser humanizada.
Às 02:00 acordo sentindo contrações e começo a medir o tempo e distância entre elas. Conversei com a Adrinez e ela me informou que estava em um parto, que não conseguiu outra enfermeira no dia, mas eu tinha a opção de aguardá-la em casa. Não me sinto segura e vamos para o Hospital. Chegamos por volta de 03h45 e estou com muitas contratações!
A doula Daphne já estava me aguardando, junto com Adrinez e Dr Hemmerson. Me sinto totalmente acolhida! As dores vêm e vão numa intensidade e sei que a cada contração Alice está mais próxima de chegar.
Massagens, água quente, luz especial, palavras de incentivo… muito acolhimento! Cada profissional com um poder incrível. Não posso induzir o parto devido à cesárea anterior! Vamos em frente! Peço analgesia, pois parece que não vou dar conta! Mas dou! Dra Ludmila avalia e já avisa: “10 cm! Alice é cabeluda! Vamos para o quarto!”.
Sento novamente no banquinho de parto e, com o Gustavo me apoiando, entro no processo expulsivo. “Vamos Alice! Força, minha guerreira!” Num parto natural incrível, primeiro de Abril, domingo de Páscoa, Alice chegou às 06h20. Em nossos braços, um misto de alivio e de emoção. Gustavo nos abraça e corta o cordão umbilical.
Rápido, intenso e transformador. Nunca pensei que isso seria possível, mas foi! Tive uma pequena laceração e, enquanto Dra Ludmila realizava os procedimentos, Alice veio para o meu peito. Assim como eu queria! Mamou, nos olhamos e pele a pele ficamos pelo tempo que desejávamos. Não saiu de perto de mim por um segundo sequer e, ali no quarto, mesmo sendo prematura, foi avaliada e permaneceu comigo. Minha pequena grande guerreira! Me mostrou ainda mais o poder e a força de uma mulher! Agora somos duas e a nossa família se completa com a sua chegada!
Agradeço muito à equipe do Instituto que tornou tudo isso possível e que tem o poder de empoderar cada vez mais mulheres e famílias. Cada profissional em sua particularidade tornou esse momento inesquecível.
Amanda Naves Ulhoa
15/06/2018

Amanda Naves Ulhoa

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