Comecei a sentir as primeiras contrações na terça feira dia 25/04, mas elas pararam a noite. Até então nada tinha acontecido, estava com 39 semanas e não tinha perdido tampão, nem sentido contrações de treinamento ainda. No dia seguinte fiquei esperando e nada, não tive nenhuma contração. Alarme falso.
Quinta feira dia 27/04 completava as 40 semanas, tive consulta c a Dra. Ludmilla no Instituto Nascer. Ela me sugeriu descolar a membrana para induzir a produção de prostaglandina, e dar um pontapé p trabalho de parto. Mas só daria pra fazer isso se eu já estivesse com alguma dilatação. Ela fez o toque e estava c 1cm, e eu preferi descolar um pouco a membrana do q correr o risco de ter que induzir c ocitocina c 41 semanas.
Logo depois da consulta fiz o exame de cardiotocografia para monitorar o coração do bebê e movimentação dele. Durante o exame tive uma contração, e logo em seguida comecei a sentir várias com uns 15 minutos de intervalo entre elas. Estavam bem suportáveis, fui pro shopping, andamos muito (eu, meu esposo e minha mãe) ficamos lá até o shopping fechar.
Chegamos em casa e as contrações não pararam mais, e se prolongou durante toda a madrugada. O intervalo foi diminuído para 10 min, doíam bastante, nem consegui dormir mais. Mas até aí achava que poderia não ser a hora ainda e as contrações poderiam parar.
De madrugada acordei e vi q tinha perdido um líquido rosado, achei q tivesse sido a bolsa. Naquela hora comecei a acreditar que de fato tinha iniciado! A hora estava chegando!! Mandei msg pra dra. Ludmilla e pra minha doula Lena, no dia seguinte ela pediu a Karine enfermeira obstétrica pra ir lá me avaliar e ver como eu estava. Contou as contrações e viu que estavam ainda espaçadas e curtas (10 em 10min durando 30 segundos), ela ficou com a gente em casa até o fim da tarde quando começaram a ficar com 6 minutos de intervalo e durando 40 segundos. Parece pouco, mas 4 minutos a menos de intervalo davam a impressão de que estavam muito mais doloridas.
Quando a Lena chegou no fim da tarde, a Karine fez o toque e eu ainda estava com 2-3 cm, o colo estava 50% apagado e a bolsa ainda estava íntegra. Lena me ajudou muito a olhar pro lado positivo: “dilatação não é tudo. Vamos olhar pro lado positivo, n temos uma bolsa rota, você tem ainda todo tempo do mundo. E as contrações que teve até aqui já afinaram muito o colo..”
Realmente me apeguei nisso, e aguentei firme. Entramos em mais uma madrugada adentro com contrações cada vez mais próximas e acho q lá pelas 4h ou 5h da manhã estavam de 2 em 2 min. Na minha cabeça não tinha intervalo. Eu estava muito cansada e com muito sono, dormia profundamente nesses 2 min de intervalo, acordava com a dor e parecia que estava sonhando.
As 7h da manhã do sábado, dia 29/04, resolvemos que já dava pra ir pra maternidade, a banheira iria ajudar a aliviar as contrações. Fomos pra lá e a dra. Ludmila já estava nos esperando. Lembro de já chegar no quarto tirando a roupa e correndo pra banheira. Meu esposo veio me pedir p vestir o top, pra fotografa poder tirar fotos mais ‘apresentáveis’. A essa altura eu n tava mais me importando com nada, em estar vestida na frente da equipe, em estar descabelada, eu só queria ficar quieta com minha dor. Minha mãe e Gabriel foram dois anjos, por que eu estava insuportável de chata, tudo me irritava, durante as contrações ninguém podia falar nada, encostar em mim, nem chegar perto. As vezes eu pedia uma massagem ou uma água, a Lena pedia pra eu gritar se quisesse, vocalizar, mas nada me deixava mais confortável do q o silêncio e a escuridão. A dra. Ludmila pediu p eu sair um pouco da banheira pra ver como estava progredindo. Fez o toque e apesar de todo cuidado doeu muuuuito. 5cm de dilatação. Fuen… Fuen nada!
Vamos continuar. Poderia ter desanimado, mas nem passou pela minha cabeça desistir ou pedir anestesia. Eu voltei pra banheira, e fiquei lá esperando os intervalos para dormir. E dormia de sonhar! A impressão que tinha eh q os intervalos eram muito mais longos. Até cogitei sair da banheira por que se as contrações estavam mais espaçadas, demoraria muito pra chegar aos 10 cm. Mas estava muito bom descansar um pouco. Por volta das 10h da manhã fizemos outro toque 8cm! A equipe comemorava cmg cada cm! E o apoio deles era fundamental para que eu me mantivesse calma e focada em só sentir a dor. Faz muita diferença não ter que preocupar com mais nada. É incrível como o negócio anda quando a gente consegue se desligar de tudo e deixar o corpo fazer o trabalho dele. Depois minha mãe me contou que eu delirava de dor, falei que as contrações tinham cores (azul, amarela e vermelha) dependendo da intensidade, dei nome as contrações (Marcelo era uma contração que vinha com uma força pra baixo, e Marcela era a contração que sentia ‘abrir’ minha pélvis). Realmente lembro que elas não eram todas iguais, mas n lembro de ter expressado isso.
Ter uma equipe em que eu confiava muito e minha mãe e meu esposo ao meu lado o tempo todo, me permitiu entrar na partolândia sem medo!
As 12h mais ou menos, Lena veio conversar comigo na banheira e sugeriu que rompêssemos a bolsa, pra ver se adiantava mais a dilatação. Eu já estava exausta, e precisava de energia pro expulsivo. Topei e fui pra cama. Dra. Ludmilla fez o toque e estava com 9cm! Rompeu a bolsa (pensa numa dor!) e disse: agora está chegando a hora!!
Samuel vai nascer!
Me preparei muito para um parto longo e muito dolorido, mas não me preparei pro expulsivo. Eu contava que como na hora não teria volta, eu teria que encarar. Deixa a Camilla do futuro lidar com essa parte..rs E pra minha surpresa, eu era a Camilla do futuro, e foi a única hora que bateu um medo de “e se eu n der conta?”.
Lena me viu falar isso e veio me dar uma ‘bronca’: “dos 7cm aos 8cm é o período que muitas mulheres pedem analgesia ou anestesia você passou por isso já! Não vai ser pior que
isso! É hora de enfrentar!”
Começamos a tentar umas posições pra eu iniciar o expulsivo. Tentamos de quatro apoios, mas a cama era muito alta e não me senti segura. Tentei ir pra banheira, mas a água estava gelada e não queria mais esquentar. Durante essas últimas contrações eu só me sentia confortável no vaso sanitário. Fomos pra banqueta que eh parecida com um vaso.
Treinamos algumas vezes mas ainda estava com medo. Dra. Ludmila veio e falou: “Camilla, Samuel precisa nascer, ele já está muito baixo e a partir de agora temos que fazer ele nascer ou ele pode entrar em sofrimento.”
Pronto. Não posso fazer isso com ele. Sentei na banqueta determinada! Vamos parir essa criança!
Fiz a primeira força junto com a contração, e ele começou a descer, coloquei a mão e senti o cabelinho dele. Surreal! Tem uma cabeça dentro de mim!! Fiz a segunda, a terceira, cada uma era comemorada! Eu de olhos fechados o tempo todo, me concentrando. Gabriel estava sentado no sofá atrás de mim me segurando nos braços pra eu pudesse me apoiar nele. E no meu ouvido falava: ele ta chegando amor!
Acho q foram umas 10 forças que fiz, e finalmente senti uma queimação muito forte, e 12:59hs ele saiu! Quando abri os olhos, lá estava ele no meu colo! E eu só pensava: “meu Deus, o que foi isso? Pari um bebê de verdade!!!” minha cara nas fotos aparece essa minha cara de surpresa!
Subi na mesa, e a médica avaliou, tive laceração natural de 2° grau, e perdi sangue, fiquei muito tonta e respirava fundo muito pra não desmaiar. Gabriel estava do meu lado com Samuel no colo, e ele estava faminto! Procurando peito nele. Rsrs
Depois de suturar, fui colocada no soro, e consegui dar peito pra ele. Sugou certinho de primeira! E ficou comigo até que vieram pesar ele e medir, já eram quase 14h, Samuel nasceu com 3,905kg e 53cm.
Foi a experiência mais incrível da minha vida. Até então eu achava que toda mulher consegue parir, e realmente a maioria consegue! Mas isso só dá pra saber na hora mesmo. E o apoio em volta é muito essencial.
Sinto que não teria conseguido ir até o fim sem a equipe e meu esposo e minha mãe ao meu lado. Ele ficou comigo o tempo todo, as vezes massageando, as vezes dizendo palavras de incentivo e na maioria do tempo só em silêncio. Mas era muito fundamental saber que ele estava ali. Eu tinha a sensação de que estava numa selva pronta pra parir e ele era o macho que estava em alerta de sentinela zelando por minha vida. Rsrs Te-lo ao meu lado me dava total segurança de que acontecendo qualquer coisa comigo ou com o bebe, eu estava protegida por ele.
Sem dúvidas essa experiência mudou minha vida! E essas mudanças ainda estão reverberando. Saí muito mais apaixonada pelo meu esposo, e ele por mim. Valorizo muito todas as mães independente do tipo de parto que tiveram ou escolheram. Estar e se colocar em total abnegação por outro ser que a gente ainda nem conhece é muito divino!
Agradeço imensamente a Deus pela minha mãe que compartilhou comigo esse momento, só saber que ela estava lá e acreditava comigo nesse parto já foi muito importante, mas agradeço por todos os pequenos e grandes sacrifícios que já fez por mim e pelos meus irmãos.
Creio que Deus estava conosco em todo o tempo. E nunca estive tão entregue em Suas mãos como nesse parto. Samuel já chegou sendo bênção em nossas vidas ! E creio que continuará sendo. E… Que venham os próximos!

Camilla Medeiros