Carla Marques Nagem de Abreu Chagas

Esse relato de parto começa antes do parto, ou melhor, começa no parto do meu primeiro filho… Na época eu ainda não conhecia o Instituto Nascer e fui acompanhada durante o pré-natal e o parto por outra obstetra: muito bem recomendada por amigos médicos, experiente e com bom percentual de partos normais. Estava tudo indo bem enquanto eu seguia o protocolo padrão dela, mas quando tentei conversar a respeito do que eu gostaria de vivenciar no meu parto, minha vontade de não tomar anestesia, de viver o que fosse mais próximo do natural, logo ouvi que era pra eu esquecer disso. Tive um parto “normal” com ocitocina sintética, peridural, episiotomia, no bloco cirúrgico (onde meu marido só entrou quando já estava na fase do expulsivo).
 
Meu filho nasceu saudável, senti-me muito feliz, realizada, mas… já sabia que na segunda gravidez seria diferente: eu iria procurar até achar um médico que me ouvisse e me permitisse viver a experiência do parto como eu queria, com liberdade e segurança.
 
Foi assim que cheguei ao Instituto Nascer, já grávida pela segunda vez. O diferencial começou ali na recepção: espaço confortável e agradável para acomodar as pacientes, secretárias eficientes, gentis e prestativas, horários agendados respeitados.
 
Essa gestação infelizmente não teve continuidade e recebi um atendimento tão cuidadoso do Dr. Hemmerson que me fez ter certeza de que estava no lugar certo.
 
Depois de alguns meses, exame positivo de novo. Durante todo o pré-natal foi inevitável comparar o que vivi da primeira vez e o que vivi no Instituto… recebi orientações claras, apoio, respeito, carinho em cada consulta, em cada mensagem para tirar dúvidas… me surpreendia perceber que não havia ali ninguém que assumisse para si o papel que era o meu, a responsabilidade de parir e decidir o que era o melhor pra mim e pra minha filha. Senti-me muito amparada para ser protagonista do meu parto, contando com uma equipe espetacular.
 
Estava com 38 semanas e 5 dias quando fui na consulta semanal com o Dr. Hemmerson. A Isabela já estava bem grandinha, com estimativa de 3,800. Comecei a ficar ansiosa para entrar logo em trabalho de parto e assim evitar que ela ficasse ainda maior na barriga! Eu já estava fazendo o que podia para favorecer naturalmente que o trabalho de parto iniciasse. O médico então me ofereceu a possibilidade de dar mais uma ajudinha: fizemos o descolamento de membranas. Poderia ajudar ou poderia demorar ainda… o jeito era esperar. Fui pra casa torcendo para que as contrações começassem logo…
 
Por volta de 21h comecei a sentir algo… as contrações, finalmente! Estavam suaves ainda, mas tinham certa frequência. Passei a madrugada acordada desfrutando das contrações (afinal, elas eram o sinal de que minha filhinha estava chegando!) e terminando de arrumar as malas da maternidade (dica da Bel, minha doula, que me ajudou muito!). Às 3h tomei banho, me maquiei, arrumei o cabelo. Queria esperar o máximo que conseguisse em casa e decidi dar um tempinho a mais pra avisar a equipe (afinal, era madrugada!). As contrações estavam com ritmo regular e intervalo de 7 min. Às 4h30 pensei: vou esperar até às 5h pra acordar o Dr. Hemmerson! Então dormi sem querer e acordei às 7h decepcionada: as contrações tinham parado, não ia ser dessa vez… Era o dia do meu aniversário, então comecei a receber ligações, todos davam os parabéns e queriam saber se Isabela já tinha dado sinais! Liguei para a Bel, minha doula e mandei mensagem pro Dr. Hemmerson. A orientação foi a mesma: parar de contar as contrações, relaxar, fazer coisas que gosto, cuidar de mim, descansar.
 
As contrações voltaram, mas não fiquei contando. Às 12h meu filho chegou da escola e fomos almoçar. As contrações começaram a ficar bem fortes, eu já não conseguia falar ou me mover quando vinha uma contração. Senti que estavam mais próximas então fui contar o intervalo: 3 em 3 minutos! Agora era pra valer! Eba!!
 
Ligo pra doula, ligo pro médico. Enquanto me vestia para ir ao Instituto ser examinada pelo Dr. Hemmerson percebi que estava intenso demais, senti que não daria tempo pra ir pro consultório. Vamos direto pra maternidade!
 
Depois dos longuíssimos minutos no carro até chegar na maternidade, chegamos por volta de 14h. Dr. Hemmerson havia chegado antes de nós e já me procurava.
 

  • Carla, vou te examinar….
  • Doutor, não vai dar tempo… ela está nascendo, já estou sentindo algo que parece puxo!
  • Então vamos internar direto.

Subimos pra suite de parto. Nem sei bem como cheguei lá. Eu já estava em outro mundo. Dr. Hemmerson finalmente consegue me examinar: já está com 8 cm de dilatação!
 
Suspirei aliviada pois sabia que o pior da dor já havia passado! Pedi o banquinho de parto e me assentei com ajuda. Meu marido Rodrigo assentou-se atrás de mim, me apoiando o tempo todo. Música tocando, luz baixa. Bel tentava de todo jeito encher a banheira de plástico que estava no box do banheiro. E eu dizia, não vai dar tempo de ir pra banheira, Bel! Ela está vindo… Não está, Dr. Hemmerson?!”
O Dr. Hemmerson, bem tranquilo sorria e sinalizava que sim com a cabeça.
 
A cada contração eu procurava me concentrar de olhos fechados. Dr. Hemmerson me recordou de que eu era livre para vocalizar e Bel me falava ao pé do ouvido para respirar devagar, profundamente e relaxar. Dentro de mim a sensação era de acolhimento, cuidado, respeito a aquele momento divino em que um novo ser chega à Terra. Nos intervalos das contrações Bel me oferecia algo para beber, ajeitava meus cabelos, massageava minhas costas. Meu esposo me apoiava o corpo e a auto-estima, reforçando que eu estava indo muito bem e que logo a nossa filha nasceria.
 
De tempos em tempo eu perguntava: Dr. Hemmerson, está dando certo, né?! Ela vai nascer?! Está quase?!
 
Não demorou muito para ouvir a esperada frase: “está coroando!” A partir daí o pouco controle que eu ainda tinha do meu corpo acabou. Meu corpo funcionava por conta própria, fazendo o que tinha que fazer pra ela nascer. Foram dois movimentos de força para expulsão mas não fui eu quem fez a força, foi algo biológico. De repente lá estava Isabela, enorme, me sendo entregue. Uma emoção indescritível… não havia mais dor, nem nenhuma sensação corpórea a não ser êxtase. Eu tinha conseguido! Em um rápido, sensível e emocionante trabalho de parto, às 15h30 minha menina nasceu linda, saudável e naturalmente!
 
Fui pra cama para esperar o nascimento da placenta e para que o médico avaliasse meu estado. Havia lacerações que precisariam de pontos.
 
Nasceu a placenta e, enquanto meu obstetra cuidava dos pontos, minha bebê ficou o tempo todo comigo ou no colo do pai. Os exames foram feitos ali, não tomou banho e foi vestida com a ajuda da minha doula.
 
Ok, o parto acabou, mas tenho que continuar para relatar mais alguns pontos importantes. O carinho com que fui cuidada pela equipe foi algo encantador… depois que meu obstetra foi embora para atender outras gravidinhas em trabalho de parto, minha doula continuou conosco na sala de recuperação. Precisei ir pra lá por protocolo do hospital, já que tive que tomar algo de analgesia para a sutura dos pontos. Fiquei com a minha filha o tempo todo. Isabel (doula) me ajudava a amamentar, me dava água, conversava, explicava os procedimentos, tentava agilizar nossa liberação pro quarto. Quanto cuidado… Depois, já no quarto, recebo mensagem do Dr. Hemmerson querendo saber como eu estava, pedindo notícias nossas. Quando foi me ver e dar alta, aquele carinho… carregou a pequena, conversou, me orientou sobre tudo do puerpério, do físico ao emocional.
 
Fui pra casa, mas o parto não saía da minha mente… a todo momento me recordava do que vivi, do que senti, da equipe, do meu esposo, da emoção… fiquei apaixonada com o que vivi… e além de uma gratidão enorme a todos os envolvidos que me permitiram viver a experiência assim, ficou uma vontade grande viver tudo isso novamente! Quero mais! E quero que cada dia mais mulheres possam ter a oportunidade de serem acolhidas e viverem uma experiência de parto feliz como a minha!
 
 

Carla Marques Nagem de Abreu Chagas

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