Instituto Nascer

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O que acontece no cérebro do pai quando ele participa do nascimento?

O que acontece no cérebro do pai quando ele participa do nascimento? A ciência começa a revelar algo extraordinário!

Durante décadas, acreditou-se que apenas o corpo e o cérebro da mulher passavam por grandes transformações na chegada de um bebê. A neurociência moderna, porém, tem mostrado algo surpreendente: o cérebro do pai também muda, e muda muito, especialmente quando ele participa do nascimento de maneira ativa, presente e emocionalmente envolvida.

No modelo de cuidado do Instituto Nascer, onde valorizamos o protagonismo das famílias, o olhar para o pai deixou de ser periférico. Hoje sabemos que o nascimento não transforma apenas a mulher e o bebê, mas toda a constelação familiar. E a ciência confirma: a presença do pai no parto desencadeia processos biológicos profundos, que moldam comportamento, vínculo e a própria estrutura cerebral.

A plasticidade cerebral paterna: um fenômeno real e mensurável

Pesquisas recentes de neuroimagem demonstram que homens que se tornam pais apresentam alterações na arquitetura cerebral que se iniciam ainda na gestação e se intensificam no período do nascimento.

A participação ativa no parto está associada a:

  • Aumento da conectividade entre regiões envolvidas em empatia e leitura de pistas sociais, como córtex pré-frontal medial, ínsula e giro temporal superior.
  • Redução de volume em áreas ligadas à autocrítica e ruminação, favorecendo uma maior disponibilidade emocional para o bebê e para a parceira.
  • Maior ativação do sistema de recompensa quando o pai vê ou toca o recém-nascido.

É o cérebro literalmente “sintonizando” o cuidado.

Hormônios do cuidado: o parto também desperta o corpo do pai

A presença no nascimento aciona um conjunto de respostas hormonais específicas:

Ocitocina — o hormônio do vínculo

Os níveis sobem no pai ao ver o bebê nascer, ao tocar a pele do recém-nascido e ao estar emocionalmente presente no parto.
Ela aumenta a sensibilidade aos sinais do bebê, facilita empatia e reforça o comportamento de proteção.

Prolactina — estimulando o comportamento de cuidado

Pais envolvidos apresentam níveis mais elevados no pós-parto imediato.
Ela está ligada a paciência, responsividade e maior disponibilidade para o cuidado diário.

Testosterona — queda fisiológica que favorece o cuidado

A testosterona diminui temporariamente, aumentando comportamentos pró-sociais, cooperação e redução de reatividade agressiva.

Cortisol — o foco que nasce com o bebê

Pais presentes no parto também apresentam um pico de cortisol.
Mas, ao contrário do estresse negativo, esse pico melhora a atenção e a prontidão para reagir aos sinais do recém-nascido.

Essas alterações hormonais constroem o que muitos pesquisadores chamam de “biologia do cuidado paterno”.

Vínculo pai-bebê: o início no parto faz diferença ao longo da vida

A ciência mostra que a participação ativa do pai no nascimento está associada a:

  • maior envolvimento no cuidado diário do bebê,
  • mais responsividade ao choro e aos estados emocionais do recém-nascido,
  • melhor sincronização afetiva nos primeiros meses,
  • maior segurança emocional do bebê no desenvolvimento.

Quando o pai participa, toca, olha e se emociona no nascimento, há maior ativação de redes neurais relacionadas à recompensa e ao apego.
Esse é o início de uma trilha de reconhecimento mútuo que se fortalece ao longo da infância.

Impacto no casal e no pós-parto: ciência que confirma o que vivemos na prática

Estudos mostram que pais presentes no parto:

  • desenvolvem maior capacidade de regulação emocional,
  • apoiam mais efetivamente a mulher no puerpério,
  • ajudam a reduzir o risco de depressão pós-parto (materna e paterna),
  • constroem relações familiares mais estáveis e colaborativas.

O parto humanizado favorece esse processo:
ambiente seguro, menos intervenções desnecessárias, contato imediato com o bebê e protagonismo compartilhado ampliam a experiência emocional e biológica da paternidade.

Um nascimento que transforma toda a família

No Instituto Nascer, acompanhamos diariamente o impacto poderoso da presença do pai na sala de parto.
Hoje a neurociência confirma o que a humanização sempre soube: o nascimento é um evento que reconfigura o cérebro — da mãe, do bebê e também do pai.

Quando o homem é acolhido, incluído e convidado a participar, ele não apenas testemunha o nascimento:
ele nasce junto.

Hemmerson Henrique Magioni, Médico Obstetra, Fundador e Diretor Técnico do Instituto Nascer, Comunidade Nascer e Nascer Academy – CRM-MG 34455

Fontes científicas

  • Feldman R. The neurobiology of human attachments. Trends in Cognitive Sciences. 2017.
  • Abraham E et al. Father’s brain is sensitive to childcare experience. PNAS. 2014.
  • Kim P. Human paternal brain plasticity and father–infant bonding. Behavioral Neuroscience. 2022.
  • Swain JE et al. Brain basis of early parent–infant interactions. Parenting: Science and Practice. 2014.
  • Wittfoth M et al. Structural brain changes in fathers. Cerebral Cortex. 2022.
  • Gordon I et al. Oxytocin, caregiving and the paternal brain. Biological Psychiatry. 2010.
  • Storey AE et al. Hormonal correlates of paternal responsiveness. Hormones and Behavior. 2000.
  • Sarkadi A et al. Fathers’ involvement and children’s developmental outcomes. Acta Paediatrica.
  • Swain JE. The human father’s brain: responses to infant sensory cues. Journal of Child Psychology and Psychiatry. 2011.

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